Celso Hoffmann da Silva é dono de uma das mais tradicionais lojas do segmento em Caxias, a Hoffmann Materiais de Construção. Trabalha no negócio, no bairro Sagrada Família, há 26 anos. Nunca enfrentou uma crise como esta. Conferindo as planilhas, ele revela:
— Queda de 60% — sentencia.
Há menos de três anos, trabalhava num espaço de 700 metros quadrados e vendia muito. No final de 2014, inaugurou a ampliação das instalações para 4 mil metros quadrados. A loja ficou atrativa, com os produtos divididos por áreas e os balcões de atendimento ampliados. Contratou novos funcionários — chegou a ter mais de 70. Hoje está com menos de 20. A emoção do novo negócio durou menos de um ano. No final de 2015, começou a sentir os reflexos da crise econômica. E este ano, só piorou.
— Voltei a reduzir o espaço da loja. Fechei mil metros quadrados e aluguei. Tenho outros 1,5 mil metros ociosos. O depósito está 60% vazio. Dá vontade de desistir — lamenta.
Na Habitare Materiais de Construção, o recuo é de 40%.
— Há uma retração no mercado. O consumidor está com medo de comprar — diz o proprietário Ronaldo Soltamize.
Na Bello Bagno, uma loja de produtos para as classes A e B (a maioria importados), no Villagio Iguatemi, a situação não é diferente. A queda nas vendas passa dos 40%. A proprietária, Fátima Dal Magro, também não lembra de outra situação econômica tão ruim.
— Temos muitos orçamentos, mas poucos se concretizam — explica.
Diante do atual cenário, a estratégia de Fátima é "baixar a cabeça" e trabalhar. Melhorar orçamentos e acreditar na retomada da economia em breve. Reduzir a margem de lucros também é a opção do proprietário da Hoffmann.
Um setor abandonado
A crise, o desemprego, a venda direta pelas fábricas, a falta de incentivos e de financiamentos são apontados por Celso, da Hoffmann, como as principais causas da quebra no segmento de materiais de construção.
— O setor está abandonado. Não vivemos num país sério. Tampouco em uma Caxias que já foi rica. É uma das poucas cidades em que as vendas baixaram tanto — lamenta.
Até junho de 2015, o estabelecimento movimentava 400 toneladas de produtos por dia. Hoje, movimenta menos de 60 toneladas. Como o cenário pode ter mudado tanto em tão pouco tempo?
— Não consigo entender — diz.
A queda na venda de imóveis é outra razão apontada por Oscar Ângelo Tanuzzo, diretor da Casa Serra Acabamentos. A loja, que trabalha com revestimentos, louças e metais para as classes A e B, também registrou queda nas vendas.
— Dependemos basicamente da construção de novos imóveis. E isso não está acontecendo em Caxias — destaca Oscar.
Em 2015, foram aprovados pela prefeitura 947 mil m² de área e 1.352 projetos. Até outubro de 2016, a aprovação foi de 586 m² e 938 projetos. É possível observar uma queda 16,25% no número de projetos e 27,5% na quantidade de área para novos empreendimentos.
Fonte: Jornal Pioneiro